Incêndio desabriga 60 indÃgenas no Parque IndÃgena do Xingu, em Mato Grosso
Um incêndio devastador atingiu a aldeia Ulupuwene, uma das comunidades do Parque Indígena do Xingu, no estado de Mato Grosso. A tragédia deixou cerca de 60 indígenas desabrigados, gerando comoção na comitiva que se preparava para representar a comunidade na COP28, a conferência da ONU sobre mudanças climáticas, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
A aldeia Ulupuwene, composta por 18 ocas tradicionais, que abrigam aproximadamente dez pessoas cada, foi duramente atingida. Seis delas foram completamente destruídas, incluindo a que abrigava um coordenador da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) na região. Este incidente deixou cerca de um terço da população da aldeia desabrigada. O fogo teve início após a queda de um raio.
As perdas foram significativas, incluindo documentos, redes, cobertores, alimentos, equipamentos, artefatos sagrados, objetos rituais e artesanatos. Felizmente, não houve feridos. Devido à localização remota da aldeia, a mais de nove horas da cidade mais próxima, Canarana (MT), o incêndio só foi comunicado nesta segunda-feira (5).
O cineasta e fotógrafo indígena Piratá Waurá, membro da aldeia e da etnia waujá, recebeu a notícia enquanto estava em Londres, em uma escala de sua viagem até Dubai para a COP28. A irmã de Piratá foi uma das pessoas que perderam seus pertences.
No Resilience Hub, espaço dedicado a mostrar exemplos de estratégias de resiliência de comunidades ameaçadas na COP28, Piratá apresentará o caso de uma gruta sagrada para os povos do Alto Xingu que foi destruída em 2018 e está sendo reconstruída.
A People’s Palace Projects afirma que o incêndio está relacionado às mudanças climáticas em curso. Para esta época do ano, seria esperado que a região do Alto Xingu, situada na transição entre a floresta amazônica e o cerrado, estivesse passando pela estação de chuvas desde o final de outubro.